Verão na Noruega: planejamento, custos e dicas para viajar
Olá, pessoas! Neste post vamos compartilhar com vocês como planejamos nossa viagem de 49 dias durante o verão na Noruega, que teve ida a Lofoten, Stordal, Stavanger, Kjeragbolten, Preikestolen e Trolltunga. Mostraremos também os custos e daremos algumas dicas de como resolver coisas do dia a dia enquanto se está fazendo a viagem mais “roots” como fizemos (acampando e pedalando). Esperamos que gostem!
Como planejamos nossa viagem
Nós gostamos há tempos da Noruega, o Rafa um pouco mais de tempo do que eu. Em 2015 nós conhecemos o país ao vivo pela primeira vez e passamos 27 dias por lá, depois visitamos em 2017 por apenas uma semaninha, para participar de um festival e conhecemos mais de Oslo. Daí estávamos cada vez mais querendo fazer uma viagem mais imersa na natureza incrível do país e ver ao vivo os locais que tanto víamos pelo Instagram!
Sim, o Instagram foi um grande influenciador de nossas escolhas quanto aos lugares que queríamos conhecer. Perfis como @MittNorge ou @VisitNorway aguçaram nossos desejos de ir para a Noruega no verão ao máximo e viver tudo aquilo que víamos. A ida para a Lofoten foi basicamente a concretização de anos de paquera pelo Insta. Então essa é a primeira dica: consuma o conteúdo que é produzido pelas pessoas que vão ao país e veja a localização e/ou hashtags que indicam o nome e região do lugar.
Um local que não é popular nas redes sociais mas que passamos quase três semanas por lá foi a fazenda Ytste Skotet. Isso porque conhecemos através da nossa amiga Karina, que trabalha lá, e nos falou tanto da fazenda que ficamos querendo fazer voluntariado nela. E foi uma decisão acertada! Se você viu os vídeos, entendeu. Um lugar lindo, que na verdade é uma fazenda-museu, onde vamos para nos desligar do mundo e nos conectar com a natureza, com a vida simples sem energia e internet, com nós mesmos e com os outros. Onde reaprendemos a desapegar de estar sempre ligados no 220v por causa das redes sociais. Enfim, maravilhoso.
No fim, com o conhecimento que fomos adquirindo com o passar do tempo por acompanhar as fotos da Noruega nas redes sociais e ajuda da Karina na questão da fazenda, decidimos que iríamos fazer: 2 semanas e meia na fazenda Ytste Skotet, 10 dias pedalando e acampando em Lofoten e 10 dias para conhecer Stavanger e fazer os hikes de Kjeragbolten, Preikestolen e Trolltunga com mochilão nas costas e barraca para acampar.
Como puderam ver, os gastos seriam “poucos”, pois se resumiriam a transporte entre os locais e o investimento inicial na barraca e mochilão (e apetrechos necessários para esse estilo de viagem). Isso foi super importante para que pudéssemos viajar por tanto tempo no país! Mas irei abordar esse assunto com mais detalhes mais à frente no post.
Com essa decisão feita, era hora de ir para o ponto mais importante: os deslocamentos. Como ir de ponto A para o ponto B? Para isso, contei com a ajuda de três ferramentas muito importantes: Google (ah, vá!), fóruns do TripAdvisor e a tabelinha excel que montei. Não se iludam, organização é a chave para você não pirar com o tanto de informações! Eu demorei algum tempo até parar para montar minha tabelinha. No começo estava anotando tudo em um bloco de notas do computador, mas começou a ficar bagunçado e confuso até para mim, e eu sabia que queria usar minha organização para ajudar outras pessoas então tive que mudar a estratégia.
O fórum do TripAdvisor
Acho que não preciso falar as razões para o Google ser uma ferramenta importantíssima para seu planejamento (para qualquer coisa nessa vida, na verdade), então vou pular para a utilidade incrível do TripAdvisor. Eu não era muito ligada nele. Achava que se resumia apenas a reviews de restaurantes e hotéis no aplicativo. Quando comecei a fazer pesquisas sobre o que fazer em Gotland (ilha na Suécia) descobri esse mundo novo. Um fórum super ativo e com bastante informações já!
Se você quer ver opiniões sobre o que fazer em tal lugar ou como chegar no lugar xis, provavelmente tem informações no TripAdvisor, com bastante opiniões, notas e fotos de pessoas reais. E no fórum você encontra todo tipo de dúvidas – primeiro pesquise sua dúvida antes de criar um novo tópico, a comunidade agradece! Pesquise com palavras diferentes e sinônimos – e sim, está em inglês, a língua universal! Então se você não entende inglês, apele para o bom e velho Google Tradutor. 😉
Especificamente se tratando da Noruega, a comunidade é de fato ativa e algumas pessoas parecem que não tem outras redes sociais para “gastarem o tempo” e ficam lá respondendo os viajantes. Quando for procurar alguma informação, você pode ir desde fóruns mais gerais, como por exemplo apenas “Norway”, que vai ter dúvidas sobre coisas de todos os locais do país, até regiões mais específicas. No exemplo do print abaixo, quando estiver no fórum “Norway” você pode clicar em “Jump to a more specific forum” e selecionar alguma região (Southern, Western, Central e etc), depois ir afunilando mais e mais a sua pesquisa, para ficar mais fácil de achar o que procura.
Mais uma vez, repito: procure o que você quer antes de fazer a pergunta. Se a sua pergunta já tiver sido respondida dezenas (ou centenas, literalmente) de vezes no fórum, há uma grande chance de: 1) você ser ignorado(a) ou 2) você levar uma resposta meio “maluvida” de alguém dizendo que sua pergunta já foi respondida trocentas vezes, basta procurar. Então, procure. Eu mesma fiz perguntas apenas quando procurei muito e vi que as informações que eu buscava eu não encontrava no fórum que não fosse de três anos atrás e que não batiam mais com o que eu achava na net.
O bom de fazer a pergunta lá é a interação com gente real, que passou de verdade pela situação e pode dar dicas preciosas para sua viagem. Ah! Depois de aproveitarem bastante o site para tirar suas dúvidas, não percam a oportunidade de retribuir para a comunidade da forma que puder, tirando a dúvida de outros viajantes e/ou fazendo reviews interessantes sobre os lugares que passou. 🙂
A tabela excel que salva vidas
Como eu disse antes, eu estava planejando a viagem, cozendo a colcha de retalhos que era o trajeto entre os locais que queríamos ir, e estava ficando bem complicado fazer tudo num arquivo do bloco de notas. Então, decidi que iria gastar alguns minutos para botar ordem na casa e criei essa tabela. Lembre-se: ela está com nosso planejamento: nossas datas, nossos horários, nossa ordem de viagem, e os valores das passagem se referem a julho de 2018, é claro! Portanto, tenha em mente que se você quiser utilizá-la como base, algumas coisas poderão ser muito úteis mas outras (principalmente o valor das coisas e horário) terão que ser confirmadas para sua realidade.
Nessa tabela, coloquei: o trecho (de onde para onde), data da viagem, horário (se possível a saída da origem e a chegada no destino), o meio (se é trem, ônibus, ferry), empresa (o nome e o link para o site), o valor que pagamos, se o pagamento é feito na internet ou na hora e a observação, que pode ser desde a forma de pagamento até número da linha ou como resolvemos alguma coisa específica.
Se você se interessou pela tabela pois quer fazer algo parecido com o que fizemos, pode fazer o download dela aí acima! A edite da forma que quiser, use e abuse, seja feliz na sua viagem! Ficarei feliz se meu conteúdo tiver ajudado nem que seja uma pessoa a explorar melhor a natureza desse país sem igual. 🙂
Custos – ou “tem que ser rico para viajar pela Noruega?”
Não, você não precisa ser rico para viajar pela Noruega. Barato mesmo não é, mas se você optar pela viagem mais simples, sem muito conforto e luxo (ou em outras palavras, viajante mais raiz e menos nutella, rs) você vai conseguir ver e fazer muita coisa sem ter que vender seu rim. 😉
Nós escolhemos fazer a viagem barata, acampando e mochilando por aí. Passamos alguns apertos? Sim. Teve dia que tudo o que eu queria era uma cama quentinha e confortável e um chuveiro? Com certeza. Mas nada disso se comparou ao que vivemos, toda a experiência que adquirimos e as lembranças que ficaram. Se você tem o espírito aventureiro, tem saúde, disposição e coragem, porque não?!
Outra atitude essencial para termos conseguido realizar nosso sonho de passar tantos dias viajando pela Noruega foi a fazer a reserva financeira antes, deixando de comprar coisas e de fazer refeições fora de casa. Aquele sacrifício (que muitas vezes nem é um sacrifício de verdade, convenhamos) necessário quando você tem um objetivo. Se você quer algo de verdade, lute por isso. Não espere que outros façam isso por você ou que caia do céu – seja merecedor de sua vitória. 😉
Creio que você deva estar curioso para ver nossos gastos. Uma parte importante deles você já pode ter visto na tabelinha excel acima, mas vamos falar também dos gastos com alimentação e acessórios para fazer a aventura acontecer. Não tem hospedagem (que geralmente é o que torna a viagem caríssima) pois escolhemos levar nosso quarto nas costas.
INFORMAÇÃO IMPORTANTE: Todos os valores abaixo serão dados em coroa norueguesa, que é a moeda da Noruega, exceto se explicitamente for indicado outra moeda (como por exemplo o dólar ou coroa sueca). Se você procura a conversão para o dinheiro do Brasil, divida o valor por dois que deve dar o valor aproximado em Real. Se você procura o valor em Euros, divida por 10. Isso são contas para valores aproximados, atenção hein! Sempre certifique-se de buscar a cotação real para a época que você está pesquisando.
Gastos com transporte
Todos os valores abaixo serão dados para um adulto (exceto se indicado outra info).
Oslo – Bodø | Trem | 899 (adulto) + 209 (bike) |
Bodø – Moskenes | Ferry | 221 (bike não paga) |
Svolvær – Moskenes | Ônibus | 215 |
Moskenes – Bodø | Ferry | 221 (bike não paga) |
Bodø – Stavanger | Trem | 939 |
Stavanger – Lysebotn | Ferry | 336 (s/ desconto) e 278 (c/ desconto) (ida e volta) |
Lysebotn – Øygardstøl | Carro particular | 350 (para 3 pessoas) |
Øygardstøl – Lysebotn | Van | 150 |
Stavanger – Tau | Ferry | 60 |
Tau – Preikestolen | Ônibus | 150 |
Tau – Tyssedal | Ônibus | 695 |
Tyssedal – Trolltunga | Ônibus | 100 |
Odda – Bergen | Ônibus | 332 (adulto) / 290 (com cartão internacional de estudante ISIC) |
Bergen – Oslo | Trem | 249 (valor BEM promocional) |
TOTAL DE GASTOS COM TRANSPORTE POR ADULTO:
4.835 coroas norueguesas.
Gastos com alimentação
Nós vamos dar aqui um valor aproximado de nossos gastos totais com alimentação na viagem. Como perdemos algumas notas isso é realmente uma dedução nossa que provavelmente é perto da realidade.
Primeiro, o valor de algumas coisas que consumimos durante a viagem:
Molho de | 28,90 |
Espaguete 1kg | 10,90 |
Lenços de | 9,90 |
Creme de avelã ( | 10,90 |
Amendoim 300g | 14,90 |
Rúcula 75g | 16,80 |
Tomate 200g | 6,50 |
12,90 | |
Atum | 6,90 |
Salada de batata 750g | 7 |
Queijo | 44,90 |
Pão | 4,90 |
Entre outras coisas que nós comemos estão: sopa em pó, salsichas, aveia (para fazer mingau), pão de fôrma (mas que substituimos pelo lomper, por este ser mais compacto), manteiga, açúcar e canela (estes dois últimos para o mingau). E basicamente foi isso.
E por curiosidade, o preço de dois lanches que fizemos em restaurante/lanchonete:
Burger King: Milkshake de 500ml (35
Uma confeitaria/cafeteria em Henninsvær: 2 fatias de bolo (48 coroas cada) + muffin (40 coroas) + pão com recheio de creme (40 coroas).
Nós estávamos sempre fazendo nossa própria comida e nos reabastecendo quando alguma coisa acabava. Sempre comprávamos do mais barato, seja marca “branca” (marca do supermercado), marca mais em conta (como é a “First Price“) ou que esteja na promoção (algumas vezes perto do vencimento, como salsichas). Também ficamos um bocado na mesmice, nos dando de vez em quando algum “luxo“, tipo o creme de avelã pra passar no pão e ser o docinho.
Ter essas atitudes baixou muito o nosso custo com comida. Foram esforços temporários e necessários para manter os custos baixos. E nos permitimos algumas escapadinhas como os lanches no Burger King ou na cafeteria.
TOTAL DE GASTOS COM ALIMENTAÇÃO PARA NÓS DOIS:
Aproximadamente 1.200 coroas norueguesas.
Gastos com apetrechos
Para realizar o tipo de viagem que pretendíamos, nos faltava vários apetrechos. Para acampar, precisávamos da barraca. Para pedalar, precisávamos da bicicleta. Para mochilar, nos faltava o mochilão. Entre outras coisas menores, como saco de dormir, as panelas de camping para fazer as comidas, a toalha de microfibra, os talheres multiuso e por aí vai.
Vamos colocar os preços de tudo o que lembrarmos e tivermos nota e mais abaixo vou falar algumas particularidades importantes de nosso caso. Mas é importante ressaltar que, com exceção da barraca e dos utensílios para cozinhar, tudo foi de segunda mão (ou seja, usado!), na lista abaixo tudo é apenas uma unidade e existem itens em coroas norueguesas (nok), coroas suecas (sek) e dólares (US$).
Barraca para 3 a 4 pessoas | 349 nok |
Mochilão 65l + 10l | 300 ou 350 nok |
Bicicleta | 300 ou 350 nok |
Saco de dormir | 50 nok |
Tapete | 49 sek |
Kit de | 299 sek |
Fogão a | US$ 6,50 |
Fogão a gás | US$ 4,50 |
Botijãozinho de gás 230g | 40 nok |
Faca de camping | US$ 2 |
Toalha | US$ 3 |
Talher 3 em 1 | US$ 1,25 |
3,72 sek (cada) | |
Pázinha dobrável de aço | 25 nok |
Como podem ver, é difícil estabelecer um “total” para esses gastos, pois fizemos compras na Noruega, na Suécia e pela internet (por isso tem três moedas). Como tivemos alguns vários meses de planejamento, deu para pesquisar o que queríamos, comprar pela net e esperar chegar. Utilizamos sites como Ebay e Ali Express.
Algumas observações:
- A barraca foi comprada na loja Clas Ohlson e tem espaço para 3 a 4 pessoas. Apesar de sermos apenas 2, estávamos conscientes de que precisaríamos de mais espaço para nossas coisas (mochilões, por exemplo). Isso era algo que já tínhamos percebido na viagem para Gotland, quando usamos uma barraca para 2 pessoas. Mal tinha espaço para nossas mochilinhas (nem era mochilão). Então fica esperto nisso: se são duas pessoas, o ideal é que seja barraca para 3 ou 4. Se é só uma pessoa, barraca para duas pessoas deve ser confortável. Mas isso irá refletir também no peso a carregar, claro.
- A bicicleta e o mochilão foram adquiridos através do Finn.no, um site de vendas tipo o “olx”, só que da Noruega. Quem pesquisou, entrou em contato e pegou os itens foi a Karina, a amiga que viajou conosco, e que é craque no Finn. Ela sempre está olhando o site para ver se tem alguma boa oportunidade e consegue achar coisas ótimas! A falta de exatidão no preço na tabela acima é porque um item custou 300 e o outro 350, mas não lembramos agora exatamente o quê. Um mochilão novo desse tamanho é muito mais caro do que o que pagamos (e esse usado estava em excelente estado!)
- O segundo mochilão nós ganhamos de presente da coordenadora da fazenda Ytste Skotet, que tinha ela lá jogada, sem usar. Nos emprestou, nós lavamos, cuidamos do zíper quebrado e perguntamos se ela queria vender. No fim, ela preferiu nos dar sem cobrar nada.
- Somos dois, por isso precisamos de duas bicicletas. Uma foi comprada no Finn, como falei acima, e a outra nós conseguimos de graça com uma voluntária da fazenda Ytste Skotet. Ela morava na região da fazenda e tinha essa bike encostada que queria se desfazer. Demos um jeito de uma amiga pegar com ela e só tivemos que dar uns ajustes nela para viajarmos por Lofoten.
- O saco de dormir foi comprado em uma loja de segunda mão na Noruega. Novamente, foi a Karina que comprou pra gente, lavou e deixou lá na casa dela para pegarmos quando chegássemos da Suécia. Essas lojas de segunda mão podem ter muita coisa interessante também! Mas falando sobre o saco de dormir: se for comprar um novo, atenção que pode ser super caro! Especialmente se for para aguentar temperaturas mais frias. Os nossos sacos de dormir nós nem sabíamos quanto aguentavam pois não tinha etiqueta mais. 😛 Mas estávamos com roupas térmicas, meias quentinhas e luvas, caso os sacos não dessem conta. Mas deu certo: era verão e as noites não eram tão frias, além disso os sacos de dormir se conectavam no zíper, permitindo que nós dormíssemos agarradinhos, um esquentando o outro.
Dicas para pedalar, acampar e mochilar na Noruega
Bem, não que tudo o que eu disse até agora não tenham sido dicas, mas o que vou falar agora tem mais a ver com “como fazer tal coisa“. Dúvidas que eu mesma tinha antes da viagem, pois nunca havia acampado, e que foram feitas pelos nossos seguidores no nosso Instagram (a propósito, se ainda não nos segue lá, está feito o convite). Vamos lá!
Tivemos que fazer algum preparo físico para o período de bike e os hikes?
Não fizemos nenhum preparo físico especial para a viagem. Apesar de sabermos que o ideal é não ser sedentário e ter uma vida ativa (pelo bem da própria saúde), nós fomos para a Noruega ainda sedentários mesmo, tendo feito alguns passeios ocasionais de bicicleta (mas nada de mais, se comparado com os vários quilômetros que iríamos andar em Lofoten). O corpo humano é muito mais capaz do que imaginamos! Se você for com calma e paciência, vai chegar aonde quer!
Nas trilhas nós vimos muita gente fora de forma, gente gorda, idosos, crianças, gente com cachorro – todos fazendo a trilha em seu tempo, fazendo pausas para descansar e sendo paciente. Então, não tenha medo de ir fazer o hike porque você não é “fit”, apenas certifique-se de que você não tem nenhuma restrição médica e de que você tem tempo suficiente para ir devagar se assim seu corpo demandar.
Como é para acampar na Noruega? Onde pode e não pode? É seguro?
Em questão de segurança, é super tranquilo! A Noruega ainda é um país muito pacífico. Claro que não é para dar bobeira e deixar seus equipamentos à mostra perto de uma trilha, onde gente de todo o mundo passa. Mas via de regra é mesmo seguro. Não é preciso ter medo de assalto, essas coisas.
E sobre onde pode e não pode, a regra é mais ou menos assim: não pode dentro da cidade, nem a menos de 150 metros da casa das pessoas (por isso não pode na cidade), nem em terras cultivadas e onde tenha uma placa bem específica de que não pode. Também não pode passar mais de uma noite em terras privadas sem a autorização do dono da terra. Ademais, pode acampar em todo canto, mesmo em propriedades privadas.
É a lei do “Direito de Todos os Homens“, uma “lei” que vem dos tempos antigos, que faz parte da cultura dos povos nórdicos de permitir o acesso à toda a terra para fins recreativos e exercícios. Você pode ler mais sobre essa maravilhosa lei aqui. É claro, óbvio e evidente que isso exige de você civilidade e respeito pela terra onde passar. Isso significa não deixar rastros – ou seja, limpe sua sujeira, não destrua a natureza, deixe o local do jeito que encontrou ou melhor!
Quando estavam acampando, como conseguir água?
Em questão de água, a Noruega é um país abençoado! Não apenas pela quantidade enorme de fiordes (água salgada) mas muitos rios e muitos lagos de todos os tamanhos! Isso, em parte, porque há muito degelo das montanhas – escorre do alto, portanto, água limpa e doce para consumir. Não é difícil achar água potável na Noruega, basta procurar um pouco! Geralmente quando se encontra é uma água bem fresquinha, gelada, gostosa de beber (quanto mais perto da fonte do degelo, melhor, é claro). Então, para acamparmos nós procurávamos uma fonte de água limpa, para que pudéssemos beber, nos lavar e cozinhar.
Como fazer as necessidades enquanto acampa? E para tomar banho?
Para fazer o xixi é mais fácil: um matinho ou cantinho mais escondido já vai servir. No caso das mulheres (o meu, portanto), pode ser meio complicado, mas não tanto. Com a dica da amiga Karina (que tinha muito mais experiência de viver na natureza do que eu), eu procurava fazer o xixi em um rio, me certificando de que ele não tinha ainda muito caminho pela frente (ou seja, perto de desembocar no mar) para que eu aproveitasse a oportunidade da acocorada para limpar as partes íntimas também (e no final, aquela leve chacoalhada se não tiver levado toalha #vidareal).
No caso do cocô, é preciso ter mais cuidado. Primeiro, ninguém quer ou merece ver cocô dos outros por aí ou, pior ainda, pisar nele! Portanto, não seja a pessoa que vai defecar num canto e deixar o bicharoco ao ar livre esperando um desavisado passar. Leve sua pazinha, ache um canto com privacidade e aí tem duas opções: se o chão permitir, cave um buraco (a uma boa distância das fontes de água), se acocore, faça o que tem que fazer, cubra a obra com terra e mato. Num mundo ideal, você não deixa nem papel higiênico usado no buraco (ou seja, carrega o papel sujo de fezes num saquinho por aí, ECA!, até achar um lixeiro apropriado). Mas no meu mundo não ideal eu joguei o papel no buraco junto com o cocô e fui ser feliz. A segunda opção é no caso do chão ser muito duro e não dar pra cavar. Nesse caso procure musgo, use a pá para “recortar” uma parte do musgo – que sairá do chão como um tapete – e use-o para cobrir o que foi feito. Pronto! Nenhum cocô ficará livre para cumprimentar os transeuntes.
Para tomar banho, nós usamos a água doce encontrada para fazer o famoso banho de gato: vai lavando parte por parte, sem poder realmente dar aquela jogada de água na cabeça. Nem sempre tínhamos privacidade para ficar tirar a roupa, ou estava friozinho, então essa era a vida. Quando não rolava de tomar o banho de gato, sempre existia a opção de usar os lenços umedecidos para tirar a sensação de estar pegajoso.
Sempre que aparecia a oportunidade de usar um banheiro de verdade, nós aproveitávamos para fazer o serviço completo. Ao ver um shopping, íamos lá fazer as necessidades e tomar um banho de gato rapidinho mas sem atrapalhar os outros clientes do local. Em Kjeragbolten e Trolltunga, ao descer das trilhas eu aproveitei os banheiros públicos para fazer o mesmo e lavei o cabelo na pia do banheiro também (não pode ter vergonha nessas horas, finge que não é contigo!).
As pessoas provavelmente entendem que você está fazendo aquilo porque está mochilando e precisa aproveitar aquela oportunidade. É melhor a moça usar a pia para se lavar do que ficar espalhando fedor por aí, não é? E é interessante comentar que nos países escandinavos as pessoas são muito menos juízes da vida dos outros, se importam menos com o que você faz ou deixa de fazer.
Quantas roupas levaram?
Tentamos ser o mais minimalista possível, afinal, iríamos ficar carregando as mochilas por semanas e qualquer peso a menos poderia fazer a diferença. Vou falar no meu caso:
- três camisas finas e que secam rápido
- três calças (uma legging de academia, uma de hike que Karina emprestou e que eu fiz a burrada de sentar em um chiclete e uma calça de um tecido que parece camurça mas não é)
- um casaquinho corta-vento
- um casaco mais quentinho (estilo moletom com capuz, que me fazia parecer uma foca quando usava)
- um casaco impermeável
- três calcinhas (fora a que eu estava usando)
- um short de tecido de biquíni para tomar banho
- um short de tecido confortável
- dois tops (e um sutiã que usava alternando com os tops)
- duas meias brancas “normais”
- uma meia felpudinha para o frio
- um conjunto de roupa térmica (calça e blusa de manga comprida)
- luvas (dois pares, um com dedos completos e outra cortada nos dedos)
- gorro
Tive que ir preparada para todas as probabilidades climáticas, afinal, estávamos indo para no norte da Noruega onde é frio até no verão, depois iríamos para o sudoeste, uma das partes mais quentes e onde pode chover bastante. Dessa lista, o que eu menos usei (ou não usei de todo) foram as luvas (que usei poucas vezes para dormir ou para pedalar nos dias mais frios de Lofoten) e o gorro (já que eu entrava no modo foca quando fazia frio na orelha).
Quem é bem blogueirinha e quer usar muitos ~looks~ diferentes para não sair em fotos com roupas iguais, prepara as costas! Só com essa quantidade de roupa já sentimos o peso, se pudesse eu tiraria ainda mais coisas. Eu utilizei muito cada roupa, até ela ficar bem podrinha e aí sim eu lavava a roupa no rio com o sabão em barra que a Karina fez (sim, ela mesma fez o sabão homemade-fresh-organic-gluten free) e esperava secar colocando em cima da barraca ou pendurada na bike enquanto andava.
Como foi viajar com uma criança pela Noruega?
Nós já temos um post aqui no blog que falou um bocado de como foi viajar com Amélia. Dá um confere! 😉
Quais comidas levaram e como armazenar?
Essa pergunta já foi meio respondida mais acima, quando falei dos gastos com comida. Mas quanto à questão do armazenamento, nós levávamos na mochila, dentro de potes se possível. Eu carregava o mochilão das comidas e utensílios para cozinhar (que também tinha os sacos de dormir) e o Rafa levava o mochilão das roupas (que também tinha barraca e tapetinhos).
Nós não comprávamos coisas que precisavam ser armazenadas em freezer ou geladeira, exceto se fôssemos consumir logo em seguida (no caso do sorvete) ou nas próximas horas – como no caso das salsichas, que comíamos nos dias a seguir após a compra, não deixávamos para muito depois. Não tínhamos nenhuma bolsa térmica nem isopor, então as coisas ficavam na temperatura do ambiente.
Que língua usamos para nos comunicar na Noruega? Eles falam inglês?
Usamos o inglês. Praticamente todos os noruegueses que encontramos falavam inglês. Mas contávamos com uma ajuda extra da Karina na viagem de Lofoten, que é brasileira mas mora na Noruega há anos e já fala norueguês.
Como foi para recarregar os aparelhos eletrônicos?
Nós levamos um powerbank que permite fazer seis recarregamentos em celulares, o que aguentou um bocado. Sempre que tínhamos a chance, recarregávamos o powerbank e os próprios celulares (e no caso do nosso amigo Fábio, a bateria da câmera) como em shoppings ou nos transportes (ferry e trem).
Qual era a temperatura média dos lugares? Fez frio no verão na Noruega?
No norte da Noruega (Lofoten) fez frio. Verão na Noruega não significa calor para todos, mesmo com o sol da meia-noite. A média era entre 8 e 13 graus, mas como não estava escurecendo nos dias que estivemos lá (começo de julho), demos sorte de não pegar ainda mais frio.
No centro (Stordal) tivemos dias frios mas também dias bem quentinhos. Nos dias mais “cagados” (chuvosos e frios) a temperatura ía de 10 a 15 graus. Nos dias quentes, pegamos 18 a 26 graus (valores aproximados, tá?).
No sudoeste (entre Stavanger e Bergen) pegamos temperaturas muito boas em geral: nos dias sem chuva e com solzão foi entre 21 e 28 graus (suspeito que nos dias quentes em Trolltunga chegou a 30 graus!). Nos dias chuvosos devia estar entre 15 e 19 graus. Como estava anoitecendo no período e local que estávamos (segunda metade de julho), já fazia mais friozinho de noite.
Um site (que também tem app) excelente para ver o tempo na Noruega é o Yr.no. Ele é bem preciso e dá os avisos de segurança oficiais – por exemplo, onde e quando não poderia fazer fogueira por causa da seca. Usamos ele no nosso período de férias durante o verão na Noruega.
Conclusão sobre nossa viagem de verão na Noruega
Nós realizamos um sonho nosso vivendo esses 49 dias pra lá e pra cá no meio da natureza incrível e do tão falado verão na Noruega. As montanhas, as neves que resistiram ao calor intenso, o sol da meia noite, o verde pra todo lado, a água fresca e gostosa direto da fonte, as pessoas curtindo tudo isso, os amigos, os perrengues que nos ensinaram lições preciosas… Tudo foi incrível!
Sem nossa disposição de sacrificar um pouco de conforto e comodidade para ficar dormindo em barraca, nunca teríamos tido a mesma oportunidade de ficar tantos dias no país, pois seria caríssimo pagar por hotel por tantos dias durante o verão na Noruega. Além de ter tido a chance de fazer todos os hikes com muita tranquilidade pois deixamos sempre um dia de descanso entre a ida e a volta, acampando lá em cima mesmo.
Se qualquer pessoa vier nos perguntar se nós recomendamos ou faríamos tudo de novo, a resposta será: SIM, COM CERTEZA SIM!!! A Noruega é um país realmente incrível e é perfeito para quem busca explorar a natureza, fazer os hikes, meter o pé no chão e aproveitar ao máximo o que o país tem a oferecer, que é gratuito afinal de contas.
Você gostou desse artigo sobre o verão na Noruega?
Nós temos uma série de vlogs com toda a nossa aventura durante o verão na Noruega no nosso canal do Youtube. Está super bem produzida, com muitas belas imagens, música boa e entretenimento. São seis episódios no total. Confira!
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Obrigada e até a próxima! 😀
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