Estudar em Portugal: como se inscrever, matricular e ser bolsista – Vida em Portugal #01
Olá! O Mundo à Frente está indo para Portugal – e não é para apenas turistar, vamos morar mesmo! Vou estudar em Portugal!
Eu (Gabi) estou indo estudar um mestrado e por isso, os próximos 2 anos serão vivendo lá. Depois disso, é história… Ninguém sabe! rs
Por isso vamos começar no blog uma série de postagens sobre nossa experiência de ir a Portugal para estudar e morar. Enquanto escrevo este post ainda estou no Brasil, então muitas coisas ainda serão vivenciadas e documentadas por aqui. Queremos falar sobre imigração, burocracia, reagrupamento familiar, aluguel, compras, culinária, universidade e cultura, tudo pela ótica de quem está indo pela primeira vez para um país estrangeiro para viver e se adaptar.
No primeiro post da série vou falar sobre como se inscrever no mestrado (atenção, bacharelados e/ou licenciaturas podem ser por um processo diferente!), quanto tempo aguardar, as documentações necessárias, como matricular-se e como conseguir bolsa para estudar na universidade portuguesa (pelo menos para a Universidade de Aveiro, que é para onde eu irei). No próximo post contarei como dar entrada no visto de estudante/residência, as documentações, onde ir e todos os percalços que passei pra conseguir meu visto. Tive que dividir pois o post ficaria gigante! 🙂
Vamos lá entender como estudar em Portugal?!
(alerta de post longo à frente!!!)
Antes de contar minha história, tenho uma informação que acredito ser fundamental para nós brasileiros: procure se candidatar (e de preferência passar, hehe) sempre na primeira fase das candidaturas a mestrado em Portugal. Isso porque a segunda e terceira fase acontecem perto ou DEPOIS que começaram as aulas na maioria dos casos! Na Universidade de Aveiro foi uma semana antes do início das aulas que divulgaram o resultado da segunda fase, e como tem todo o processo de enviar documentação para consulado, aguardar por visto, comprar passagem, se estabilizar, há sempre um desespero, agonia e ranger de dentes para correr atrás do prejuízo (um mês ou mais de aulas perdidas e muito stress). A terceira fase, então, nem se fala! O resultado dela é divulgado depois que já se passou um mês de aulas. Ou seja, se passar nessa fase, serão no mínimo dois meses de aula perdidos… Basicamente a segunda e terceira fase são para estudantes nacionais (portugueses) ou europeus, que não precisam de muita burocracia para ir morar em Portugal.
Primeiramente, eu conheci o mestrado em Comunicação Multimédia da Universidade de Aveiro porque um amigo está estudando este mesmo curso desde 2015. O Augusto Ygor (este é o nome dele) estudou o mesmo bacharelado que eu (e se formou na turma antes da minha) na UFPB. A saber, o curso foi Comunicação em Mídias Digitais. Me formei na segunda turma e ele na primeira, ou seja, é um curso novinho. 🙂
Eu achava que nunca iria fazer mestrado, nem pós, nem nada, pois durante o bacharelado eu não tive vontade nenhuma de seguir carreira acadêmica e enchi o saco de universidade. Como todo bom estudante do ensino superior, pensei em desistir todo semestre até acabar, haha! Mas ao pesquisar formas de ir morar fora do Brasil legalmente, afunilamos para apenas duas formas alcançáveis no momento: conseguir um trabalho ou ir estudar. Pesquisamos cursos de línguas na Alemanha, mas os preços são absurdos e geralmente é só um mês ou duas semanas. Nos candidatamos para umas 50+ vagas de trabalho em todos os cantos do mundo através do Linkedin e nunca deu em nada (não é fácil mesmo!). No fim chegou perto da data de começar as inscrições pra esse mestrado e eu arrisquei, afinal, ele havia me interessado bastante. E morar e estudar em Portugal parecia ser uma ideia bem boa!
As inscrições aconteceram através do site a UA (Universidade de Aveiro). Para inscrições no 2º ciclo (mestrado) o link é este aqui. Se você quer se inscrever para o 1º ciclo (licenciatura ou mestrado integrado, que é licenciatura + mestrado junto em 5 anos), deve se inscrever através da candidatura para estudantes internacionais. É tudo o que sei sobre esse ciclo, o resto que irei falar é tudo relacionado ao 2º ciclo, ok? Mas atenção às datas de candidaturas! Não é qualquer época do ano. 😉 Se você quer conhecer todos os cursos de mestrado disponíveis e saber mais sobre o cada um, dá uma olhada nesse link.
Para a inscrição no mestrado não é feita uma prova (exceto, até onde eu sei, o mestrado de música). É feita análise de currículo, ou seja, envie tudo o que você acredita que enriqueça seu perfil. Eu enviei uma carambolada de coisas. Além dos básicos (foto do passaporte, certificado de conclusão de curso, certificado de láurea acadêmica, histórico escolar, meu TCC e as notas do TCC), eu fucei TODOS os meus cursos e certificados. Peguei os certificados de línguas que fiz (inglês e alemão), os congressos e workshops de fotografia que participei, palestra que ministrei e até nota do meu ENEM de 2010. Melhor “errar” por enviar a mais do que de menos. Eles vão avaliando sua documentação e dando pontuações pelas coisas que você enviar, de acordo com o perfil do curso.
Eu segui as dicas do Augusto Ygor e enviei tudinho mesmo por que eu não me dediquei à vida acadêmica pensando em fazer um mestrado, então não escrevi artigos, não participei de projetos de extensão na universidade, não entrei em empresa júnior nem nada disso. Basicamente ia às aulas, fazia os trabalhos e pronto. Ao invés de participar de coisas na universidade, eu estagiei num canal de TV desde o segundo semestre e após dois anos de estágio eu fui contratada pela TV como editora de vídeo de dois telejornais. Ou seja, era difícil ter tempo para me dedicar a projetos extra-classe na universidade quando tinha que trabalhar a manhã inteira, ir para a aula à tarde e ainda fazer um monte de trabalhos para o curso. Não me arrependo da escolha, foi o que deu e o que eu quis fazer. No fim deu certo e eu consegui me classificar para o mestrado com minha experiência (e também porque tive notas boas durante todo o curso). Então, não se desespere se você não conseguiu participar de projetos fora de classe durante o curso (eu cheguei a ficar bem preocupada com isso, mas Augusto Ygor me acalmou todo o tempo), eles te avaliam como um todo! Pois veja: eu tive mais experiências fora da universidade enquanto meu amigo se dedicou bastante à vida acadêmica e ambos ficamos na mesma colocação, em anos diferentes.
Ah, eu também criei um portfólio bem bonitinho com a minha produção em fotografia, vídeo e motion graphics. Fiz um pdf com links e descrições e enviei junto. Se quiser ver, ele está aqui > PORTFOLIO – Gabriela Marcolino. Atualmente meu portfólio tem mais coisas, porém estou sem tempo de colocar as coisas mais recentes. 😉
Depois de anexar tudo na plataforma de inscrição da UA, chegou a hora de pagar a taxa de inscrição de 20 euros. Existiam duas formas de pagamento, uma pelo cartão de crédito e outra pelo Multibanco. Tentamos pelo cartão de crédito internacional. Uma vez. Duas vezes. Três vezes. Com cartões diferentes. O site dava erro todo o tempo. Começou a bater um desespero. Acredite: é normal acontecer isso e o problema não é você! Apenas vá tentando com cartões de crédito internacionais diferentes. Foi assim que conseguimos. Depois de finalmente aceitar o cartão, teve o tempo de esperar o status de minha candidatura mudar para confirmada. Ela ficou no sistema como “submetida mas pagamento não confirmado” por sete longos dias! Mandei vários emails preocupada pois os dias iam passando, ia chegando a data de término das inscrições e minha candidatura ainda não estava confirmada por lentidão no sistema. Enfim, deu certo, mas te recomendo reunir toda a documentação e se inscrever no primeiro dia do prazo para candidaturas pra não ficar desesperado por causa desses probleminhas. E sempre que tiver alguma dúvida, não tenha medo de entrar em contato com eles (só não fica mandando mensagem todo dia, o dia todo, rs). Eis os emails que usei para me comunicar com eles:
- stic-helpdesk@ua.pt – se tiveres alguma dúvida ou problema relacionado ao sistema do site
- candidaturas@ua.pt – demais dúvidas sobre candidaturas
- internationalstudents@ua.pt – também envia para esse como CC por via das dúvidas, hehe
Enfim, após tudo confirmado, eu estava inscrita no mestrado. Quando me inscrevi as datas de inscrições eram de 18 a 29 de abril e os resultados seriam divulgados entre 23 e 27 de maio. E ei, 27 de maio era meu aniversário! Quem sabe eu não ganharia um presente neste dia?!
Não.
Eles não divulgaram o resultado do meu mestrado entre os dias 23 e 27 de maio… Eu fiquei numa expectativa sem fim, mandei uns emails e mensagens no facebook sempre com um “me desculpa mas é que estou ansiosa”. Mas no dia 28 de maio eu fui acordada pelo Rafael, meu esposo, dizendo: “parabéns, primeiro lugar!”. YEAH! Eu havia conseguido!!! E em primeiro lugar, como eu estava sonhando! Agora era hora de me preparar para a matrícula, que aconteceria entre 01 e 08 de junho.
Para a matrícula também foi tudo feito pela internet. Não tive que pagar nada até aí. Criei um login de estudante no PACO (sistema da UA para resolver tudo pela internet), pois até então eu estava com um login de visitante. Entrei no sistema (que demorou uns dois dias depois do início das matrículas para aparecer que eu poderia me matricular no curso que fui aprovada, ou seja, eles demoram mesmo, no worries) e quando pude eu me matriculei. Nada difícil! Tudo é só ler com calma que dá certo.
Sobre como conseguir bolsa para estudar numa universidade portuguesa: eu vou falar o que sei sobre a Universidade de Aveiro, ok? Se você está de olho em alguma outra, busque se informar diretamente com ela.
Eu queria essa bolsa porque em Portugal o ensino superior público não é gratuito como no Brasil. Lá eles tem que pagar a propina, que significa mensalidade/anuidade. A propina do estrangeiro (aqui leia-se quem não é português e nem é de nenhum Estado da União Europeia) é basicamente 5 vezes mais cara que a de um cidadão português. Enquanto que um estrangeiro tem que pagar 5.500 euros anuais (para 1º e 2º ciclos), um cidadão português pode pagar pouco mais que 1 mil euros. Importante se atualizar sobre essa informação pois pode mudar de um ano para o outro, veja aqui para 1º ciclo e aqui para 2º ciclo. Porém estrangeiros podem conseguir bolsas que os permitem ter acesso à UA pagando igual a um português! Eu desde antes de me inscrever já estava questionando isso a eles, pois quem não quer? rs. Existiam umas três ou quatro formas de conseguir bolsas de desconto, como pelas notas do Enem ou por ter estudado em uma universidade conveniada. Eu não me encaixava em nenhuma. Porém em uma troca de emails eu fui informada que poderia ter acesso a essa bolsa me classificando nos primeiros lugares de meu curso. Por isso a tensão pelo resultado sempre foi maior, pois pra mim não bastava apenas passar, eu queria muito passar em primeiro lugar. E assim aconteceu!
No dia 8 de junho recebi um email automático da universidade (na verdade não sei se era mesmo automático, mas o texto não parecia ser pessoal) informando que fui contemplada com uma bolsa-incentivo e minha propina foi reduzida dos cinco mil para um mil. Poderei pagar esse valor em seis prestações. YEAH!²
Ou seja caro leitor, se você quer uma bolsa, primeiro se informe de todas as possibilidades e depois se esforce para seu currículo ser bom! Segundo, assim que souber de sua colocação (acredito que entre os três primeiros seja mais fácil de conseguir) entre em contato com eles para mostrar seu interesse. São várias bolsas distribuídas entre os estrangeiros mais bem colocados, lembrando que não existem apenas brasileiros tentando entrar, né?! 😉
Um adendo importante que me foi dito: existe uma outra forma de pagar a universidade como um cidadão português, que é pedindo a o estatuto de igualdade Brasil-Portugal. Você pode ler mais sobre ele neste link, pois eu realmente não estudei apropriadamente sobre ele até agora.
Lembra daquela documentação que eu enviei para fazer a inscrição e matrícula? Eles exigem que você apresente na universidade uma cópia legalizada pelo consulado (atualmente não é feita a legalização e sim o apostilamento). Não precisa ser tudo, mas os principais, que no meu caso seria meu diploma, certificado de láurea, histórico e certidão de casamento. Tive que legalizar esses documentos no consulado de Portugal e apresentarei na reitoria da UA quando chegar lá. Mais detalhes sobre minha aventura com o consulado e meu querido visto no próximo post porque esse já já vira livro! 😀
Espero que eu tenha ajudado você a pensar sobre estudar em Portugal.
Qualquer dúvida é só comentar abaixo ou entrar em contato com a gente, ok?
Até mais!
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